2° ANO Cap. X “Os
trabalhadores vão à Luta” (p.184-p.198)
1.
O trabalho na Inglaterra
(p.185-p.186)
·
Ao
final das guerras napoleônicas, a burguesia inglesa estava bastante otimista.
Acreditava que o fim do conflito traria a abertura de vários mercados. Mas, ao
contrário, ocorreu uma queda brusca na procura por manufaturados, sobretudo
porque o conflito provocou o empobrecimento das populações de muitos países.
·
O
desempregado era agravado pela entrada de 300 mil ex-soldados no mercado de
trabalho, desmobilizados com o fim da guerra.
2.
Ser operário (p.186-p.187)
·
A
industrialização da Inglaterra trouxe, ao longo do tempo, benefícios para toda
a sociedade. Mas também acabou gerando
sofrimento para os trabalhadores, até mesmo pelas leis que colocassem limite à
cobiça dos patrões.
·
Milhões
de trabalhadores foram afetados pelos cercamentos,
pelos baixos salários na indústria, pela utilização indiscriminada das mulheres
e crianças no serviço fabril.
·
Os
baixos salários, umidade ou frio excessivo, jornadas de até 16 horas diárias,
ar poluído, sujeira, humilhações sofridas pelos trabalhadores, acidentes com
máquinas que provocavam mutilações e até a morte. Os operários eram
constantemente vigiados e obedeciam a horários rigorosos, numa verdadeira
disciplina que não excluía a violência física dos capatazes.
·
O
fantasma do desemprego estava sempre presente, obrigando o trabalhador a
suportar esse regime disciplinar.
3.
Ludistas e cartistas: início do
movimento operário (p.187-p.191)
1°) Ludistas:
·
A
ordem social baseada nos ofícios, nos costumes tradicionais e na vida
comunitária perdia lugar para a fábrica e suas tecnologias.
·
Essa
situação incentivou a formação de movimentos contra o uso das máquinas. Entre 1811
e 1819, houve uma série de ataques às fábricas: homens armados com martelos,
machados e pistolas, com rostos pintados de preto, invadiam as instalações para
quebrar as máquinas, vistas como as grandes vilãs, responsáveis por roubar o
emprego dos trabalhadores – em particular dos tecelões.
·
Este
movimento foi chamado de ludista, por
causa do suposto general Nelson Ludd que assinava as cartas enviadas aos donos
das fábricas antes de ataca-las.
·
A
reação do governo foi violenta, com enforcamentos, prisões e deportações.
·
O
governo chegou a infiltrar pessoas para fomentar desordens e, dessa forma,
poder estimular medidas ainda mais severas. A repressão inibiu a atuação dos
ludistas a partir de 1819.
2°) Cartistas:
·
No
final da década de 1830 surgiu o movimento cartista,
mais organizado e centralizado em reivindicações políticias. A iniciativa
partiu da Associação dos Trabalhadores de Londres, com a divulgação da Carta do Povo
(origem do nome cartismo)
·
Seus
lideres foram presos, mas posteriormente libertados o movimento ganhou novo
fôlego – em especial com a formação da Associação Cartista Nacional, origem do
primeiro partido popular da época contemporânea.
3°) A classe operária:
·
Desde
fins do século XVIII, os trabalhadores ingleses vivenciavam uma série de
conflitos com dirigentes políticos e empregadores. Esses embates permitiram que
identificassem seus interesses, em contraposição aos interesses das elites
políticas e patronais. Percebiam-se, assim, como classe, em oposição aos
burgueses.
4.
Projetos de socialismo
(p.191-p.193)
O socialismo utópico:
·
Ao
longo do século XIX, surgiram várias doutrinas socialistas, a maioria herdeira
do pensamento jacobino que marcou a fase radical da Revolução Francesa. Essas doutrinas
ganharam corpo e se difundiram em meio à expansão das sociedades industriais.
·
Para
os primeiros socialistas, a desigualdades provocadas pela intensa concentração
de riquezas no mundo industrial eram inaceitáveis. Para solucionar esse
problema, formularam projetos revolucionários ou reformistas.
·
O
termo socialismo tornou-se conhecido a
partir das doutrinas do britânico Robert
Owen, empresário que propunha um sistema econômico baseado na formação de
cooperativas de trabalho, que incluíam escolas e moradias para os
trabalhadores.
·
Robert
Owen pretendia “humanizar o capitalismo” sem destruí-lo.
·
Nesta
mesma época, existiram ainda projetos socialistas que pregavam a revolução
social, como o formulado por August Blanqui na França. O chamado blanquismo baseava-se na fase mais radical
da Revolução Francesa. Recorria a métodos conspiratórios, com uma organização
secreta liderando a revolução social. Assim desprezavam os métodos institucionais
e era contrário à participação política dos trabalhadores por meio das
eleições.
O socialismo científico:
·
Dentre
as propostas formuladas no século XIX, aquela que obteve maior repercussão foi
a de Karl Marx, e Friedrich Engels, autores do projeto socialista que mais
inspirou revoluções sociais ao longo do século XX.
·
Segundo
eles, os projetos anteriores acenavam com melhorias nas condições de vida dos
trabalhadores, sem apresentar alternativas revolucionárias capazes de destruir
a sociedade burguesa. Por isso, enquadraram tais projetos na categoria de
socialismo utópico, romântico ou reformista, qualificando o seu projeto como
socialismo utópico científico e revolucionário.
·
O
projeto marxista se baseava na
concepção de que a história da humanidade era determinada pela base econômica de
cada sociedade historicamente considerada (modo de produção) e pela dinâmica
das relações de classes correspondentes a essa base econômica.
·
O
capitalismo foi por eles considerado como a forma mais desenvolvida da
sociedade de classes, na medida em que o trabalhador, despossuído dos meios de
produção, era levado a vender sua força de trabalho aos empresários.
·
A
exploração do trabalho passou do uso da força, para a própria economia, isto é,
na diferença entre o preço de determinada mercadoria e o valor monetário
recebido pelo operário para produzi-la: a mais-valia.
No raciocínio de Marx, se determinada mercadoria custasse 10 reais e, para
produzi-la, o trabalhador recebesse 2 reais de salário, a mais-valia seria de 8 reais, base do lucro burguês na produção
daquela mercadoria.
5. Anarquistas
em cena (p.194)
·
O
termo anarquismo vem do grego anarkhía e significa “ausência de poder”.
·
O
movimento anarquista ganhou força a partir da industrialização e da organização
dos operários no século XIX.
·
Os
anarquistas repudiavam uma revolução que levasse à formação de qualquer
organismo com poder coercitivo sobre os indivíduos. Nisso se distanciavam das
propostas de Marx e Engels, que defendiam a formação de um Estado controlado
pelo proletariado – a ditadura do proletariado – antes de se atingir o
comunismo.
·
Os
principais expoentes do pensamento anarquista foram o francês Pierre-Joseph
Proudhon, e o russo Mikhael Bakunin.
·
Proudhon
foi autor da célebre frase: “A propriedade é um roubo”, base de seu projeto
revolucionário em prol de uma sociedade igualitária de pequenos produtores
associados, no campo e na cidade.
6. Os trabalhadores e a Primeira
Internacional (p.194-.195)
·
No
inicio dos anos de 1860, em vários países, os trabalhadores estavam organizados
em sindicatos e associações para lutar por seus direitos.
·
Em
1824, em Londres, realizou-se a primeira reunião da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT). Conhecida como a Primeira Internacional.
·
A
Primeira Internacional dos Trabalhadores teve vida curta. As divergências colocaram
marxistas e anarquistas em lados opostos.
·
Mesmo
assim, a Primeira Internacional foi um marco na história dos movimentos
sociais, ao atribuir à classe operária uma missão revolucionária: derrubar o
capitalismo no mundo e impor, pela primeira vez na história, uma sociedade
igualitária e livre de qualquer forma de exploração.
7.
A Comuna de Paris: a classe
operária no poder (p.196)
·
A
guerra franco-prussiana foi desastrosa para a França, com derrotas, invasão e
ocupação do país pelos inimigos. Diante da fragilidade do governo de Napoleão
III, a Assembleia Nacional proclamou a Terceira República.
·
Neste
contexto ocorreu um movimento revolucionário, conhecido como Comuna de Paris. Com duração de 72 dias,
é considerada por muitos historiadores como a primeira experiência de um
governo operário. Teve inicio em 18 de março de 1871, quando a Guarda Nacional
se recusou a reprimir os revoltosos.
·
O
governo de operários determinou a ocupação das fábricas abandonadas e proibiu o
trabalho feminino e infantil. No campo político, a principal vitória da Comuna
foi a adoção do sufrágio universal para preencher, por via eleitoral, todos os
cargos administrativos, judiciais e educacionais da República.
·
A
Comuna, entretanto, ficou restrita a Paris. Foram derrotados, com repressão
violenta resultando em milhares de mortos. A repercussão dos acontecimentos
estimulou os governos a reprimir com truculência os movimentos operários e as
ações de partidos ou movimentos operários inspirados nas ideias de revolução
social.
7.1
A social-democracia e a Segunda Internacional (p.197)
·
Inspirados
nas ideias marxistas, sindicalistas e intelectuais fundaram partidos
social-democratas em vários países. Originalmente, o projeto de tais partidos
era lutar por uma “revolução socialista”, sob a inspiração das ideias de Marx.
Porém, enquanto essa revolução não estivesse madura, cabia defender a classe
operária, no campo institucional, contra as injustiças do capitalismo. Isso
equivalia a participar, ao menos temporariamente, do jogo político-eleitoral da
chamada democracia burguesa.
·
A
social-democracia abandona o projeto revolucionário
·
A
experiência social-democrata éde destacada importância peal criação de uma
cultura socialista de caráter internacional. Ao mobilizar os trabalhadores a
participar das eleições, os sociais-democratas mantiveram acessa a esperança de
alcançar o socialismo.
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