quarta-feira, 28 de agosto de 2013


3° ANO

Democracia entre ditaduras

 

1.      Na Segunda Guerra Mundial a luta contra o fascismo a nível mundial foi um fator importante para que se pensasse que havia uma disparidade em lutar contra o fascismo fora do Brasil enquanto internamente se vivia a ditadura getulista e isto seguramente foi um fator determinante para o declínio do apoio à ditadura e o fortalecimento das oposições.

Pode-se dizer que a Guerra teve um efeito muito grande sobre os regimes autoritários do Ocidente, destacando suas ambigüidades. O mundo ocidental foi varrido por uma onda liberalizante, que era contra qualquer tipo de regime que lembrasse o fascismo europeu. O fim da Guerra consolidou a preponderância norte-americana no mundo capitalista e foram revividos os princípios da política econômica, que defendia o fim do protecionismo por parte do Estado e defendia o livre-cambismo nas trocas internacionais.

2.      As oposições que venceram em 29 de outubro de 1945 e afastaram Getúlio do poder foram elites oligárquicas regionais e econômicas e o golpe foi um ato político e não uma revolução sócio-econômica. As estruturas sociais e econômicas permaneceram intactas. Mas o modelo econômico implantado a partir dos anos 1930 revelou os seus primeiros desgastes no início da década de 1950.

3.      No Brasil o período de 1945 a 1964 foi o único em que o país pode presenciar o desenvolvimento de um sistema de participação política de massas, mas não houve grandes modificações na estrutura do sindicalismo.

Nas eleições realizadas após a queda de Getúlio Vargas, saiu vencedor o General Eurico Gaspar Dutra e uma Assembléia Constituinte deu ao Brasil sua quinta Constituição que restabeleceu no país os três poderes da República: Executivo, Legislativo e Judiciário. O General Dutra exerceu seu mandato até o final, mas seu Governo foi de continuísmo e prevaleceram as coligações varguista no Congresso, deixando que a sombra de Getúlio pairasse sobre o país.

Na economia, desde o início dos anos de 1940, o debate a respeito do desenvolvimento do Brasil se dividia em duas correntes: a primeira, mas antiga, que defendia a vocação agrícola da sociedade e a segunda que era a favor da industrialização.

Os partidos políticos foram reestruturados, mas o clima da "guerra fria" que transformou a União Soviética no maior inimigo do mundo Ocidental, associado ao alinhamento de Dutra aos Estados Unidos favoreceu a colocação do Partido Comunista Brasileiro na ilegalidade.

4.      Em 1950 foi lançada a candidatura de Getúlio Vargas à Presidência do Brasil, para suceder Dutra e nas eleições ele se sagrou vencedor, voltando à Presidência, desta vez não por um golpe, mas com a força das urnas, para iniciar seu Governo Constitucional. O Getúlio ditador se transformou no Getúlio democrata.

Getúlio enfrentou sérios problemas em seu Governo, com o aumento do custo de vida e a alta da inflação, além do debate entre o nacionalismo, o entreguismo e o estadismo e também a impossibilidade de agradar a todos. De crise em crise o Governo acabou por desembocar na maior delas que foi o atentado a Carlos Lacerda, que era o seu mais ferrenho opositor. O atentado teve a participação de seus colaboradores próximos. Getúlio vendo-se acuado preferiu deixar o Palácio do Catete morto e suicidou-se em 24 de agosto de 1954.

Após o suicídio de Getúlio o país passou por um período conturbado no qual teve três Presidentes em catorze meses: Café Filho, Vice de Getúlio; Carlos Luz, Presidente da Câmara e Nereu Ramos, Presidente do Senado.

5.      Em 3 de outubro de 1955 foi eleito Presidente Juscelino Kubitscheck, mas para tomar posse foi necessário que o General Lott, Ministro da Guerra, colocasse as tropas na rua para evitar um golpe de Carlos Luz e da UDN. Este foi o único golpe militar legalista da História brasileira, que deu posse ao Presidente eleito pelas urnas.

Ainda assim Juscelino teve que enfrentar duas conspirações militares contra o seu Governo, mas conseguiu terminar seu mandato e passou o Governo para seu sucessor eleito democraticamente, Jânio Quadros. Juscelino implantou um novo modelo econômico, favorecendo a industrialização do Brasil através de seu Plano de Metas, que propunha fazer 50 anos de desenvolvimento em seus 5 anos de mandato.

O grande desenvolvimento e a euforia nacionalista ocultavam o fato do país ter se tornado dependente do capital e da tecnologia estrangeira e de ter ocorrido grande concentração de renda ao invés de libertação e de autonomia. O ápice de seu Governo se deu com a inauguração da nova capital do Brasil – Brasília, em 21 de abril de 1960, no mesmo dia o Rio de Janeiro se transformou no Estado da Guanabara deixando de ser a Capital do país.

6.                  Jânio Quadros tomou posse em 1º de janeiro de 1961 e depois de sete meses de um Governo conturbado, num golpe teatral renunciou ao Governo em 25 de agosto de 1961, lançando o país em outra crise ainda mais grave. Seu Vice João Goulart, conhecido por Jango, que havia sido Ministro do Trabalho de Getúlio e Vice de Juscelino Kubitscheck, era uma figura polêmica, acusado de insuflar greves e estimular a luta de classes e não gozava da confiança dos militares.

7.      Quando Jânio renunciou, João Goulart estava na China Comunista e os partidos conservadores UDN e PSD articularam um acordo que estabeleceu o Parlamentarismo no Brasil, com o objetivo de diminuir os poderes do Presidente. Assim no período de setembro de 1961 a janeiro de 1963, Jango governou juntamente com três sucessivos Conselhos de Ministros em Regime Parlamentarista.

Um plebiscito popular restaurou o Presidencialismo no Brasil e os poderes do Presidente, mas só vigorou até 30 de março de 1964, quando Jango foi deposto por um golpe civil-militar.

3° ANO

Guerra Fria

1.      Introdução

A Guerra Fria tem início logo após a  Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia. Já os Estados unidos, a outra potência mundial, defendia a expansão do  sistema capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

 A definição para a expressão guerra fria é de um conflito que aconteceu apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado e direto entre  Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta Terra. Porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por exemplo, na Coreia e no Vietnã.

2.       Paz Armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência da Paz Armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista, espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados. Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Canadá, Itália, Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China,  Coreia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

3.      Corrida Espacial

EUA e URSS travaram uma disputa muito grande no que se refere aos avanços espaciais. Ambos corriam para tentar atingir objetivos significativos nesta área. Isso ocorria, pois havia uma certa disputa entre as potências, com o objetivo de mostrar para o mundo qual era o sistema mais avançado. No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial norte-americana.

4.      Caça às Bruxas

Os EUA liderou uma forte política de combate ao  comunismo em seu território e no mundo. Usando o cinema, a televisão, os jornais, as propagandas e até mesmo as histórias em quadrinhos, divulgou uma campanha valorizando o "american way of life". Vários cidadãos americanos foram presos ou marginalizados por defenderem idéias próximas ao socialismo. O Macartismo, comandado pelo senador republicano Joseph McCarthy, perseguiu muitas pessoas nos EUA. Essa  ideologia também chegava aos países aliados dos EUA, como uma forma de identificar o socialismo com tudo que havia de ruim no planeta.

Na URSS não foi diferente, já que o Partido Comunista e seus integrantes perseguiam, prendiam e até matavam todos aqueles que não seguiam as regras estabelecidas pelo governo. Sair destes países, por exemplo, era praticamente impossível. Um sistema de investigação e espionagem foi muito usado de ambos os lados. Enquanto a espionagem norte-americana cabia aos integrantes da CIA, os funcionários da KGB faziam os serviços secretos soviéticos.

5.      A divisão da Alemanha

Após a Segunda Guerra, a  Alemanha foi dividida em duas áreas de ocupação entre os países vencedores. A República Democrática da Alemanha, com capital em Berlim, ficou sendo zona de influência soviética e, portanto, socialista. A República Federal da Alemanha, com capital em Bonn (parte capitalista), ficou sob a influência dos países capitalistas. A cidade de Berlim foi dividida entre as quatro forças que venceram a guerra: URSS, EUA,  França e Inglaterra. Em 1961 foi levantado o Muro de Berlim, para dividir a cidade em duas partes: uma capitalista e outra socialista.

6.      "Cortina de Ferro"

Em 1946, Winston Churchill (primeiro ministro britânico) fez um famoso discurso nos Estados Unidos, usando a expressão "Cortina de Ferro" para se referir à influência da União Soviética sobre os países socialistas do leste europeu. Churchill defendia a ideia de que, após a Segunda Guerra Mundial, a URSS tinha se tornado a grande inimiga dos valores ocidentais (democracia e liberdade, principalmente).

7.      Plano Marshall e COMECON

As duas potências desenvolveram planos para desenvolver economicamente os países membros. No final da década de 1940, os EUA colocaram em prática o Plano Marshall, oferecendo ajuda econômica, principalmente através de empréstimos, para reconstruir os países capitalistas afetados pela Segunda Guerra Mundial. Já o COMECON foi criado pela URSS em 1949 com o objetivo de garantir auxílio mútuo entre os países socialistas.

8.      Envolvimentos Indiretos

Guerra da Coreia : Entre os anos de 1951 e 1953 a Coreia foi palco de um conflito armado de grandes proporções. Após a Revolução Maoista ocorrida na China, a Coreia sofre pressões para adotar o sistema socialista em todo seu território. A região sul da Coreia resiste e, com o apoio militar dos Estados Unidos, defende seus interesses. A guerra dura dois anos e termina, em 1953, com a divisão da Coreia no paralelo 38. A Coreia do Norte ficou sob influência soviética e com um sistema socialista, enquanto a Coreia do Sul manteve o sistema capitalista.

Guerra do Vietnã: Este conflito ocorreu entre 1959 e 1975 e contou com a intervenção direta dos EUA e URSS. Os soldados norte-americanos, apesar de todo aparato tecnológico, tiveram dificuldades em enfrentar os soldados vietcongues (apoiados pelos soviéticos) nas  florestas tropicais do país. Milhares de pessoas, entre civis e militares morreram nos combates. Os EUA saíram derrotados e tiveram que abandonar o território vietnamita de forma vergonhosa em 1975. O  Vietnã passou a ser socialista.

9.      Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países socialistas.